quinta-feira, 22 de julho de 2010

Deriva

Sou tenro e novo.

Meus ombros virgens e calejados.

Sou ego, id e povo.

as migalhas dos sonhos esfacelados.

sou apenas uma criança


afogada num rio de responsabilidades.


Fui a cara pintada

o grito de guerra

a pá empunhada

as lutas por terra

os desejos de justiça


a lágrima que chove depois das impunidades.


Mas por quê isso me rasga?

Por quê só a mim?

O que é este grão que devasta?

Por quê incomoda assim?

E este sentimento que me arrasta,

e nunca chega ao fim?


Esta enxurrada de dores trazida pelas tempestades.


Será que ninguém mais sente?

Será que sinto sozinho?

Sigo vagarosamente

remando o meu barquinho

e quando batem as ondas

sempre perco um pedacinho


Do meu barco de papel que transita pelas idades.


Sinto forte a consciência

e o azul do mar bonito

vou deixando a resistência

vou boiando pro infinito

Não sinto o olhar da sorte

sinto a força dos ventos

ventos que sopram forte

voam a esmo os pensamentos.

Sou tão jovem

e só lembro tudo que passou

quando tiro o pó das figurilhas antigas.

Um comentário: