terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Grão de areia




Lá no futuro
olhei pro passado
ouvi o murmuro
leite derramado
areia esvaída
verbo conjugado.

Tentei segurar
não foi mais seguro
o tempo é hoje
saudoso fruturo
se hoje está verde
foi ontem maduro.

Lembrei do presente
perdido na hora
triste e contente
repouso na aurora
aprendi que a vida
se vive no agora.

Voltei pro passado
que vã alegria
então empolgado
pensei que sabia
mas o eterno legado
esvai dia a dia.

Ingênuo fui, sou, serei
se erro hoje, amanhã errarei
errei no ontem, quando pensei
que se sei de alguma coisa
alguma coisa sei.

A única máxima
a única verdade
não é privilégio
não é raridade
independe de estudo
independe de idade:

Mesmo quem ignora
já nasce sabendo
que outrora ou agora
é implacável o tempo
nunca se explica
é algo de dentro.


créditos da imagem: Diogo Martinez

2 comentários:

  1. Eis meu atual estado de espírito!
    Ótimo...

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  2. Em se tratando de poemas, os seus estão entre os realmente melhores que já li navegando nos mares da Internet, rs. "Grão de areia", então, me fez te xingar mentalmente (isso é positivo, acalme-se)por ter escrito algo tão bom. Realmente, algo para ser lido, relido, "trelido", guardado, colado na parede, memorizado and so on.

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